Protagonismo Estrangeiro na História da Freguesia do Ó

por
Benedito Camargo

¬ No recenceamento de 1872 feito pelo Império, contava:
¬ 2023 habitantes.
¬ 319 residencias.
¬ 1026 homens.
¬ 997 mulheres.
¬ 382 casados.
¬ 1230 solteiros.
¬ 96 viuvos.
¬ 315 escravos.
¬ Ocupações: 1 padre, 2 professores, 1 pescador, 10 manufatureiros, 2 comerciantes, 94 costureiras, 2 calceteiros, 1 especialista em metais, 7 em madeiras, 1 mestre de obras, 422 lavradores, 217 criados, 114 domesticas e 1149 sem profissão.
¬ Pele: 1046 brancos, 718 pardos e 248 pretos.
¬ Estrangeiros: 58, sendo: 15 portugueses, 4 suiços, 2 espanhóis, 1 austriaco, 1 alemão, 25 africanos.
¬ A maioria era paulista, 2 pernambucanos, 1 baiano, 3 cariocas, 1 paranaense, 2 mineiros.
¬ Somente 10% tinham instrução e 1800 eram analfabetos.


Sempre que acontece a "Feira das Nações da Freguesia do Ó", com pessoas diferentes, em tantos aspectos como classe social, ideologia política, raízes culturais e descendência de povos e raças, obriga-nos à reflexão de quantas pessoas passaram por esse pedaço de chão, tão querido de todos nós.

Olhando uma estatística realizada em 1872, feita na metodologia utilizada na Europa daquela época, portanto, com grande exatidão de dados, constatamos o quanto somos falhos quando falamos dos personagens que construíram a Freguesia do Ó. Sempre citamos os Portugueses que foram os primeiros a aqui chegar. Correto. Realmente foram eles os achadores do Brasil e, portanto, com a primazia da posse, mas somos injustos quando mencionamos só alguns estrangeiros e esquecemos principalmente dos Africanos, que com seu trabalho árduo, forçado, e muitas vezes além de suas forças e vontade.

Na pesquisa mencionada do fim do século XIX, a Freguesia do Ó contava com 2023 habitantes, com 58 estrangeiros, sendo; 15 portugueses, 4 suíços, 2 espanhóis, 1 austríaco, 1 alemão e 25 africanos. Veja que a tal pesquisa coloca por último, o grupo que tinha o maior número de pessoas. Motivo? Inferioridade, é claro.

Sentimos a necessidade de homenagear a todos os Povos que se instalaram ou vieram produzir aqui seu sustento e progresso. De modo especial, precisamos homenagear os Povos do continente africano, em desagravo a tanto sofrimento, humilhação e exclusão.

É evidente que o pensar da época levava a esse comportamento, mas não podemos continuar a fazer de conta que isso é normal. Carregamos ainda hoje esse pensar, quando falamos dos construtores do Brasil. Lembramos tantos povos e poucas vezes mencionamos os africanos. Nossa História é tão rica em culturas diferentes, pena que tenhamos tão poucos registros, documentos e fotos.

No início do século XX devido aos momentos convulsivos em muitas partes do mundo, vieram para o Brasil muitos imigrantes para tentar uma nova vida. A Freguesia do Ó recebeu uma grande quantidade de Húngaros que aqui construiram até uma escola, provavelmente seja onde hoje se encontra o "Lar Pedro Balázs" na Rua Ribeiro de Morais.

Tantas raças, línguas, povos e tradições enriquecem nossa História e prestamos aqui nosso culto de gratidão e respeito.

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BARRO Maximo, Historia dos bairros de São Paulo,, vol 13 - Nossa Senhora do Ó, p55, São Paulo: Dezembro de 1977.

Mais: Homenagem aos Povos e Culturas que marcaram nosso chão

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