Exercer a plena humanidade, só santo é capaz.
Benedito Camargo



De algumas criaturas, pouco conhecemos os seus feitos, quantas outras, homens e mulheres, que nem siquer tomamos conhecimento de suas existências, passaram pela vida fazendo o bem.

Diferente dos outros animais, o humano tem a capacidade de sentir e pensar, e a partir daí, decidir o que é melhor para si e para tudo o que está à sua volta. Suas decisões, na maioria das vezes, o leva a fazer o bem, prática essa já consagrada pelos grandes filósofos gregos, como "Virtude", que é o "Bem" praticado na "Lei natural". Existe, porém, a possibilidade de se realizar ações benéficas, seguindo a orientação que está acima da "Lei natural", a "Lei divina", ensinada pela maioria das crenças religiosas. As religiões buscam fazer o bem, entretanto aquelas oriundas de Abraão foram escritas por autores sob a inspiração divina e trazem orientações bem detalhadas sobre bem e o mal. Os cristãos, seguindo o ensinamento de Jesus Cristo, acreditam poder chegar a um estado de vida, onde todo bem realizado é fruto de inspiração divina. A ação humana é livre e desencadeada pela vontade própria, no entanto quem a pratica, busca inspiração nos textos sagrados, portanto vem de Deus. Viver em paz e buscar a felicidade, estar em harmonia com toda a criação e cuidar de tudo o que o cerca, ter compaixão e respeito ao semelhante, enfim praticar o amor é questão primordial para o humano ter saúde espiritual, ser sadio interiormente. Quando alguém tem saúde no corpo, dizemos que ele é "são", ou goza de "sanidade". O mesmo se aplica ao espírito, sanidade é santidade, ser "santo", é ser "são". Quando o nome dessa criatura começa com uma consoante, aplicamos o termo "são", Exemplo; São Pedro. Quando esse nome tem inicial em vogal aplicamos o termo "santo", que é a mesma coisa. Exemplo; Santo Agostinho.
No antigo Testamento cada personagem é titulado pelos seus feitos; Pai Abraão, Rei Davi, profeta Elias, etc. O termo santo é aplicado após a vinda de Jesus Cristo, "O Santo de Deus", que torna santos aqueles que cumprem seus ensinamentos fundados na vontade de Deus Pai. Conhecemos alguns personagens como Francisco de Assis, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, que viveram em seus paises em uma determinada época e independente de suas religiões, praticaram atos de bondade que os levaram a ser admirados e respeitados, hoje, vistos como figuras de grande valor para a humanidade, muitos de nós os consideramos santos.
Em nosso cotidiano, mesmo achando que tudo está perdido, quantas pessoas conhecemos que tem um modo de ser que nos envolve, nos toca, nos surpreende, pela sua vida simples, humana, desapegada. Sempre atentos aos seus semelhantes, os mais necessitados, os fragilizados, as crianças. Isso é ser santo! É “ser-para-o-outro”, viver cuidando do irmão, da natureza, da obra de Deus. No Brasil tivemos muitas dessas criaturas, que mesmo em meio a um sistema, tiveram atitudes em defesa aos mais fracos, contra os opressores de suas épocas. Foram tantos os anônimos, que não pudemos conhecer seus feitos. Outros, como; José de Anchieta, Frei Galvão, Padre Cícero, Madre Paulina, Irmã Dulce, Dom Hélder conhecemos pouco de suas vidas.
Presenciamos em maio desse ano de 2007 a canonização de Santo Antonio de Sant'Anna Galvão, agora em 25 de outubro, sua primeira festa como “Santo”, universalmente reconhecido pela Igreja católica de todo o mundo. Disse universalmente, porque alguém pode ser chamado de santo em seu meio, com base no conhecimento de seus atos de amor, visto pelos seus, mas universalmente somente após sua canonização – atestado de santidade declarado pela Igreja universal – com base em documentos de sua vida e por sua intervenção junto a Deus em favor de alguém.
Com base nos evangelhos, podemos ter a certeza de que fazer o bem nos torna semelhante a Jesus Cristo, que em duas naturezas, humana e divina, nos envolve e convoca a praticar seus ensinamentos em cumprimento da vontade de Deus Pai. E o que é a vontade do Pai? Praticar a humanidade, só isso!
Com certeza, quando chegarmos a exercer plenamente a humanidade, santos seremos.

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  • Primeira festa depois da canonização de Frei Galvão
  • Benedito Camargo é Bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, São Paulo, Diácono Permanente na Arquidiocese de São Paulo.


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